terça-feira, 8 de novembro de 2011

Inclusão é cuidar e educar através do amor

                                 OU ...UM ANJO CHAMADO ROBERTO
Nossa escola possui três alunos integrados, cuja experiência confirma o quanto a paciência, a dedicação e o amor podem revolucionar e operar transformações positivas contrariando qualquer pessimismo ou preconceito sobre o papel inclusivo da educação especial. Temos o aluno João Pedro do Maternal, portador de Síndrome de Down, cujo progresso no seu desenvolvimento é visível principalmente no aspecto social segundo relato emocionante da própria mãe em matéria já apresentada neste blog (O Príncipe Medroso). Além dele, temos dois lindos alunos autistas do 1º ano, Breno Lucas e Gabriel da Silva Gomes que já são nossos alunos desde o ano passado quando ainda eram da Educação Infantil, que conseguiram se alfabetizar com o apoio de uma técnica inovadora de um estagiário da educação especial chamado Roberto Dias Medeiros, que desenvolveu um trabalho de alfabetização usando como ferramenta principal a informática: sites educacionais como o Bebelê e outros, vídeos e jogos da Multi-Rio e recursos midiáticos proporcionados pelos computadores do Projeto Mais 6. Ou seja, através do aproveitamento racional e eficiente de recursos disponibilizados para a escola pela SME , somado a uma grande dose de paciência, docilidade, compromisso e dedicação, este estagiário conseguiu fazer um excelente trabalho de apoio ao trabalho da professora da turma Rosângela Canuto e fez a verdadeira inclusão, já que estes alunos estão conseguindo se alfabetizar ao seu ritmo, porém ao mesmo tempo de seus colegas de turma sem a mesma deficiência.

Logicamente, seu trabalho é assessorado pela  Equipe de Educação Especial da 3ª CRE, pela equipe da GED que acompanha o trabalho dos estagiários através das professoras Sandra Martorelli e Sandra Salles , pela Equipe do IHA (Instituto Helena Antipoff) que promove capacitações frequentes , pela equipe gestora da escola e pela coordenação pedagógica da escola no que é preciso. Também não podemos deixar de falar da contribuição na socialização e integração destas crianças pela sua professora do ano passado na Educação Infantil Maria Aparecida Passos. Porém como já dizia uma música: “Mas se não houver amor, de nada adianta...” e o caso é que eles receberam tanto amor do Anjo Roberto que o progresso atingido este ano por estas crianças é visível. Duas crianças que até o início do ano repetiam palavras e frases desconexas, conseguem se comunicar agora com mais desenvoltura e interagem com as pessoas. Já lêem palavras e frases e começaram a levar o gosto pela leitura que antes era só através da tela do computador para as páginas dos livros que eles pedem que o tio Roberto mostre e apresente o mundo mágico dos contos e imagens.
Roberto é aluno de Pedagogia do ISERJ e foi uma grata surpresa para nós da escola este ano: participativo, dinâmico, colaborador e sensível. Ele passa uma serenidade no olhar e transborda carinho nos seus gestos e na dedicação por estes dois alunos. O projeto previa que apenas um dos alunos seria atendido pelo estagiário e o outro pela Sala de Recursos. Porém Roberto simplesmente “adotou” o outro aluno como ele diz simpaticamente e as duas crianças se apegaram a ele de tal forma que a evolução foi só uma conseqüência deste processo. Os pessimistas poderiam pensar: este tipo de trabalho não é inclusão, pois eles se apegaram a uma pessoa que não estará sempre com eles, e o trabalho em separado pode de repente segregá-los mais ainda do resto da turma e do mundo. Ledo engano, pois das suas quatro horas diárias ele separa uma parte para este trabalho diversificado direcionado especialmente aos dois alunos no laboratório improvisado da escola na sala de leitura e o restante do tempo ele acompanha as crianças na sala de aula, nas atividades junto com a turma.  

SAIBA MAIS SOBRE O AUTISMO
            O autismo é um Transtorno Global do Desenvolvimento (TGD) e caracteriza-se por dificuldades significativas na comunicação e na interação social, além de alterações de comportamento, expressas principalmente na repetição de movimentos. Para o autista, o relacionamento com outras pessoas costuma não despertar interesse. O contato visual com o outro é ausente ou pouco frequente e a fala, usada com dificuldade. Algumas frases podem ser constantemente repetidas e a comunicação acaba se dando, principalmente, por gestos. O mundo para o autista parece ameaçador. Insistir em um contato indesejável ou promover mudanças bruscas na rotina dessas crianças pode desencadear crises de agressividade. Para minimizar essa dificuldade de convívio social, vale criar situações de interação. A paciência para lidar com essas crianças é fundamental e descobrir e explorar as 'eficiências' do autista é um bom caminho para o seu desenvolvimento. 
           A síndrome do autismo pode ser encontrada em todo o mundo e em famílias de qualquer configuração racial, étnica e social. Não se conseguiu até agora provar nenhuma causa psicológica, ou no meio ambiente destas pessoas que possa causar o transtorno. Os sintomas, causados por disfunções físicas do cérebro, podem ser verificados pela anamnese ou presentes no exame ou entrevista com o indivíduo, estas características são: Distúrbios no ritmo de aparecimento de habilidades físicas, sociais e lingüísticas; Reações anormais às sensações, ainda são observadas alterações na visão, audição, tato, dor, equilíbrio, olfato, gustação e maneira de manter o corpo; Fala ou linguagem ausentes ou atrasados. Certas áreas específicas do pensar, presentes ou não. Ritmo imaturo da fala, restrita de compreensão de idéias. Uso de palavras sem associação com o significado; Relacionamento anormal com os objetos, eventos e pessoas. Respostas não apropriadas a adultos ou crianças. Uso inadequado de objetos e brinquedos.
               As crianças com autismo, regra geral, apresentam dificuldades em aprender a utilizar corretamente as palavras, mas se forem expostas a um programa intenso de interações construtivas haverá mudanças positivas nas habilidades de linguagem, motoras, interação social e aprendizagem é um trabalho árduo precisa muita dedicação e paciência da família e também dos professores.. A escola tem o seu papel no nível da educação. São elaboradas estratégias para que estes alunos consigam desenvolver capacidades de poderem se integrar com as outras crianças ditas "normais". A família tem um papel crucial, porque são os que têm mais experiência em lidar com as crianças, Os pais podem encorajar a criança a comunicar espontaneamente, criando situações que provoquem a necessidade de comunicação. Devem-se considerar as severas deficiências de interação, comunicação e linguagem e as alterações da atenção e do comportamento que podem apresentar estas crianças.
               É fundamental a preparação do pedagogo através de um programa adequado de diagnose e avaliação dos resultados globais no processo de aprendizagem, já que a criança especial se caracteriza pela falta de uniformidade no seu rendimento, levando-se em consideração o nível de desenvolvimento da aprendizagem que geralmente é lenta e gradativa. Portanto, caberá ao professor adequar o seu sistema de comunicação a cada aluno. O professor precisará ter uma postura que não seja agressiva, muita paciência, transmitindo segurança e controle da situação, e, acima de tudo, muito amor pelo que está fazendo. Com certeza, é bom ter em mente que, normalmente, as crianças à medida que vão se desenvolvendo, vão aprendendo a estruturar seu ambiente, enquanto que as crianças autistas e com distúrbios do desenvolvimento, necessitam de uma estrutura externa para aperfeiçoar uma situação de aprendizagem. Atualmente, já é impossível se falar de atendimento ao autista sem considerar o ponto de vista pedagógico. Cada vez mais, valoriza-se a potencialidade e não a incapacidade de seres humanos.
          Incluir é incorporar, no currículo visível e naquele que é oculto, a diversidade como um aspecto presente e que deve ser valorizado e não excluído. É entender que não é o aluno que precisa se adaptar a tudo, mas que a escola deve mudar para adaptar-se aos diversos alunos que freqüentam a instituição.Para que o processo se torne viável e verdadeiro é preciso que o educador acredite na possibilidade que o aluno tem de aprender com as interações realizadas, orientadas pelo princípio do respeito mútuo, e na idéia de que todas podem aprender desde que suas “portas de entrada para o conhecimento sejam encontradas”, valorizadas e desenvolvidas num Projeto Político Pedagógico democrático que atenda as necessidades individuais de cada um na coletividade educacional.
                          A educação para ser inclusiva precisa levar em conta os desejos dos alunos e não os rótulos sobre eles, suas potencialidades, capacidades e não somente suas dificuldades. Não é um processo de negar a “deficiência”, mas sim de saber que há um ser humano para além da deficiência, e não permanecer “engessados” por ela. É ler além das linhas escritas, ver além das aparências, prever que diferenças exigem diferentes intervenções pedagógicas e diferentes olhares, sem, contudo diminuir o que se pode ensinar, subestimando assim o aluno e suas reais possibilidades. Inclusão é um processo imprevisto, não existem fórmulas/regras prontas. Existem, sim, algumas certezas, como: homogeneidade na sala de aula não existe, “todos somos iguais”, é apenas uma fala bonita para esconder as diferenças. A certeza é de que incluir exige, sim, serviços e recursos de apoio complementar tanto para os professores quanto para os alunos. Um suporte adequado aos professores e aos alunos é necessário para o bom andamento do processo ensino-aprendizagem. Este suporte supõe uma infra-estrutura de serviços que auxiliem/promovam o processo de inclusão, na forma de parcerias entre professores. Inclusão sem apoio, está fadada ao fracasso, pois se perde a individualidade e as necessidades, descaracterizando os indivíduos e tornando-os “homogêneos” tendo como “desculpa” o processo da inclusão escolar.
Fontes:
O que é o autismo? www.revistaescola.abril.com.br/inclusão
Universo autista - www.universoautista.com.br







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